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Arquitetos: Lioz Arquitetura, Rodrigo Lino Gaspar
- Área: 150 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Francisco Nogueira
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Fabricantes: Cortizo, Jader Almeida, O/M Light - Osvaldo Matos, Olaio, Superbotânica
Descrição enviada pela equipe de projeto. O processo de reabilitação urbana é presentemente, um dado adquirido, uma constante no vocabulário de um arquitecto. Ao contrário da formula moderna de tabula rasa ou da folha vazia de papel, a nova geração toma como aceite o ponto de partida de um projecto, o existente, procurando compreendê-lo e justificá-lo, com o objectivo de acrescentar uma nova fase na vida do espaço de intervenção.
O projeto do apartamento Portela procurou aplicar esta abordagem sobre um espaço habitacional dos anos 1980 num bairro periférico de Lisboa. O Plano de Urbanização da Portela de Sacavém (1960-1979), foi um protótipo na construção dos dormitórios-satélite da cidade. Sucedânea do modelo de cidade funcional, a Portela foi idealizada como um conjunto de alta densidade, de barras habitacionais dispostas na melhor exposição aos elementos naturais, em torno de um centro cívico e um parque urbano.
Hoje, a sua unidade arquitetônica marca a imagem do conjunto, de barras e torres idênticas na sua identidade urbana. No entanto, esta unidade esconde diversos edifícios, realizados por diferentes construtores,onde a arquitetura do projeto original do edifício foi desenvolvida, criando uma riqueza de tipologias que partilham uma base comum, a estrutura de betão armado.
Antes da intervenção, a planta do apartamento era clara na sua divisão funcional,um paradigma de tipologia de um edifício da sua época.A partir do núcleo de circulações verticais no interior, entramos no apartamento no espaço de circulação da casa, que medeia de um lado, as áreas sociais (salas) e de serviços (cozinha, arrumos, quarto empregada), do outro as áreas privadas (3 quartos) e no seu interior as instalações sanitárias.
Consequentemente, o projeto definiu a estrutura de betão como elemento fundamental e caracterizador da intervenção, tornando-a protagonista do espaço. A planta livre, permitiu a clarificação dos espaços, demolindo barreiras físicas e anulando espaços obsoletos à vida contemporânea. As áreas sociais e de serviços foram reunidas num grande espaço unitário da vida social da casa, aproveitando a luz Nascente da fenêtre-en-longueur.
Os novos elementos adaptaram-se à altura constante das vigas de betão armado. Os revestimentos, as portas e os armários da casa são limitados por esta linha marcante do espaço. Um grande armário serve de pano de fundo da sala, resolvendo o lado utilitário de espaço de estante, bar, louceiro, rouparia e bengaleiro. Seguindo a mesma materialidade, os armários da cozinha marcam o outro pano de fundo do espaço de vida social.
O pavimento de taco de madeira em ponto de espinha, contínuo em todo o apartamento, sublinhou a estratégia de espaço unitário, sendo apenas quebrado pela marmorite de cimento branco e inertes de pedra local nas zonas úmidas. A iluminação artificial foi concebida em complementaridade com a iluminação natural, criando linhas de luz indireta nos novos elementos nas zonas de maior sombra e sobre as áreas de trabalho.